segunda-feira, 29 de abril de 2013
Esquenta Rio Pro.
Estrutura do Billabong Pro está praticamente montada na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro (RJ). Foto: Claudio Leal.
Chegou a hora do Rio. O esperado circo do WCT aterrissa na capital olímpica para a etapa mais imprevisível do ano. A extensa faixa de possibilidades do mar – com variações enormes no Arpoador e no Postinho – joga muita gente no páreo de vitórias, com destaque, claro, para os brasileiros que lideram o comboio nacional da elite.
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A cidade já começou os preparativos, com palanques sendo montados, surfistas fazendo os primeiros testes nas curvas das ondas cariocas e muita expectativa.
Tenho um espião na Barra, conhecido pela sigla KMR. Para vocês, eu apresento: é amigo, designer, fotógrafo e surfista Claudio Leal, pai do pequeno Tom, moleque que ganhou o nome por causa do mestre do estilo Curren.
Gabriel Medina experimenta as ondas Barra da Tijuca sob o olhar atento do "espião" KMR. Foto: Claudio Leal.
KMR tem observado o movimento do circo em passeios matinais com o garoto ou da vista de seu escritório, com vista estratégica para o pico.
Já viu uma pá de surfistas de pontas experimentando pranchas ali no Postinho. Entre eles, o garoto Gabriel Medina, que andou contundido e, por isso, apagado nas duas primeiras etapas do ano, na Austrália, e agora parece estar na ponta dos cascos novamente.
Diz aí KMR: “Vi o Medina dois dias na água. Na primeira vez, vi um cara arrebentando, se sobressaindo muito no pico, puxando forte os aéreos. Aproximei a lente e vi que era ele. O mar estava pequeno, bem ruinzinho, mas ele surfava muito. O cara me pareceu totalmente recuperado da contusão, sem medir as manobras. Depois, vi o pai dele com câmera, devia ser um treino filmado.”
Como já dito, a lista de favoritos está bem aberta, mas Medina, pelo que não fez no início da temporada e pelo que pode fazer na atual fase da carreira, é um dos nomes. Deve estar mordido com os fracos resultados recentes, deve estar louco para vencer de novo. Chega com seu aguçado espírito competitivo mordido.
KMR fez uma penca de fotos, e separamos algumas para o Waves. Vale dizer que Medina voltou em todas as manobras fotografadas, segundo KMR, com bastante suavidade e facilidade. O espião tem a sequência completa, para quem duvidar.
Outro surfista que vale menção é Adriano de Souza, que apareceu na ponta do power ranking publicado recentemente pelo Nick Carroll. O jornalista australiano, conhecido crítico de Mineiro, parece ter finalmente se curvado ao brasileiro.
Nick falou em “estilo renovado”, livre de velhos vícios e “cheio de curvas afiadas e definidas”. Fez menção até à conhecida vibração de Adriano, que foram reduzidas. E conclui: “Esse deve ser o melhor momento de sua carreira.”
A análise, muito mais que a opinião de um jornalista, serve para medir a temperatura do circo em relação ao feito de Adriano. O mais brasileiro dos surfistas curvou os caras.
Antes do fim, vale uma menção a CJ Hobgood, que ano passado criticou Adriano. Desta vez, ele postou em sua página no Twitter uma belíssima mensagem para Raoni Monteiro, que merece ser reproduzida aqui, em inglês mesmo, no original, para ficar mais precisa:
“This man @raonimonteiro has been inspiring the heck out of me. Loses his major sponsor, blows his knee out, goes home for rehab and his lady takes off. What does he do when it looks like his whole world has fallen apart? He takes a deep breath, goes and beats Slater in Portugal, then takes out Julian in Santa Cruz and just took out Parko in Bells. Remember peeps suffering produces perseverance; perseverance, character; and character, hope.”
Bravo, Raoni. Vai com tudo no Brasil.
Tulio Brandão é jornalista.
sexta-feira, 26 de abril de 2013
segunda-feira, 22 de abril de 2013
sexta-feira, 12 de abril de 2013
quarta-feira, 10 de abril de 2013
segunda-feira, 8 de abril de 2013
quarta-feira, 3 de abril de 2013
O Brasil no topo....
Adriano de Souza exibe o tão sonhado sino de campão do Rip Curl Pro em Bell's Beach, Austrália. Foto: © ASP / Kirstin.
Adriano é o surfista mais brasileiro que o mundo já viu.
Ele é o Brasil real, sem fantasias nem rodeios. O Brasil do malandro pra valer, que trabalha, mora lá longe e chacoalha. Um cara genuíno, de um país genuíno.
Adriano não parece com os outros. Mais que isso, não quer parecer com os outros.
Comemorou ondas quando levantar punhos era crime inafiançável no tribunal moral da ASP. Certa vez, questionado, respondeu: “não quero ser uma farsa, este sou eu”. Sua postura era tão firme que influenciou a geração: hoje, o claiming é regra até para os velhos blasés.
Em baterias sem prioridade, brigou no limite da lei, dentro de sua cultura de vencer ou vencer. Jogou duro e, diante da choradeira, a ASP criou uma nova regra de prioridade para baterias de três competidores. Uma lei para sossegar Mineiro.
Tolo foi o adversário que pensou que a regrinha frearia o furioso espírito competitivo do brasileiro. Na primeira oportunidade, Adriano aplicou a nova regra contra o mesmo surfista que, ano passado, condenou publicamente sua marcação agressiva. Coitado do CJ.
Adriano não ganhou fama de freak nem foi eleito por quem manda. Mas, sozinho, do seu jeito e fora da lista dos favoritos, transforma silenciosamente a cultura da ASP.
Agora, bem longe dos eufemismos, o mais importante: o brasileiro Adriano surfa muito.
Seu repertório oferece um mix equilibrado do cardápio de cada um dos grandes atletas do mundo. Executa bem arcos e outras manobras mais clássicas, é veloz, tem um bom jogo de aéreos, aprendeu o atalho do tubo e é dotado de uma inteligência competitiva fora da curva.
Talvez, em nenhum desses itens isolados, ele seja o melhor do mundo. Mas, na soma das virtudes, vira um monstro, um assustador e talentoso Frankenstein. Ou um brasileiro.
No dia de sua inesquecível vitória em Bells, deu um nó em dois gigantes: o local, bicampeão mundial e vencedor da etapa em 2012, Mick Fanning, e o surfista desenhado para aquelas condições, que era o eleito pela imprensa para vencer o evento antes de a sirene tocar, Jordy Smith. O desejo da nuvem de formadores esbarrou num julgamento irrepreensível.
Adriano gesticulou, rezou em cima da prancha. Como fazem os brasileiros em todos os cantos. Na final, suas preces foram atendidas: só ele pode ter pedido, a um minuto do fim, aquela inesperada e devastadora série de uns 5 metros sólidos.
A massa d’água varreu os dois competidores para fora do line-up e acabou com as chances de vitória do novato Nat Young.
O desfecho de uma história tão fantástica e brasileira: logo depois da vitória, Adriano, ainda dentro d’água, levantou o bico de sua prancha e bateu nele com vontade, para que o mundo visse e reverenciasse a marca estampada no bico.
Era a Pena, uma empresa brasileira, que salvou um conterrâneo que vive entre os cinco melhores do mundo, mas vinha sendo ignorado pelo mercado.
Era a Pena, uma empresa brasileira, que salvou um conterrâneo que vive entre os cinco melhores do mundo, mas vinha sendo ignorado pelo mercado.
Não sou capaz de arriscar um palpite para o resto da temporada. Mas aposto que Adriano vai continuar atrás de notas como um faminto busca um prato de comida. E vai seguir lutando para o mundo engolir suas conquistas. Se não engolir, ele enfia goela abaixo.
Adriano é o surfista brasileiro.
Tulio Brandão...Waves
SWELL NEWS INFORMAÇÕES DE SURF.
segunda-feira, 1 de abril de 2013
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