O Brasil no topo....
Adriano de Souza exibe o tão sonhado sino de campão do Rip Curl Pro em Bell's Beach, Austrália. Foto: © ASP / Kirstin.
Adriano é o surfista mais brasileiro que o mundo já viu.
Ele é o Brasil real, sem fantasias nem rodeios. O Brasil do malandro pra valer, que trabalha, mora lá longe e chacoalha. Um cara genuíno, de um país genuíno.
Adriano não parece com os outros. Mais que isso, não quer parecer com os outros.
Comemorou ondas quando levantar punhos era crime inafiançável no tribunal moral da ASP. Certa vez, questionado, respondeu: “não quero ser uma farsa, este sou eu”. Sua postura era tão firme que influenciou a geração: hoje, o claiming é regra até para os velhos blasés.
Em baterias sem prioridade, brigou no limite da lei, dentro de sua cultura de vencer ou vencer. Jogou duro e, diante da choradeira, a ASP criou uma nova regra de prioridade para baterias de três competidores. Uma lei para sossegar Mineiro.
Tolo foi o adversário que pensou que a regrinha frearia o furioso espírito competitivo do brasileiro. Na primeira oportunidade, Adriano aplicou a nova regra contra o mesmo surfista que, ano passado, condenou publicamente sua marcação agressiva. Coitado do CJ.
Adriano não ganhou fama de freak nem foi eleito por quem manda. Mas, sozinho, do seu jeito e fora da lista dos favoritos, transforma silenciosamente a cultura da ASP.
Agora, bem longe dos eufemismos, o mais importante: o brasileiro Adriano surfa muito.
Seu repertório oferece um mix equilibrado do cardápio de cada um dos grandes atletas do mundo. Executa bem arcos e outras manobras mais clássicas, é veloz, tem um bom jogo de aéreos, aprendeu o atalho do tubo e é dotado de uma inteligência competitiva fora da curva.
Talvez, em nenhum desses itens isolados, ele seja o melhor do mundo. Mas, na soma das virtudes, vira um monstro, um assustador e talentoso Frankenstein. Ou um brasileiro.
No dia de sua inesquecível vitória em Bells, deu um nó em dois gigantes: o local, bicampeão mundial e vencedor da etapa em 2012, Mick Fanning, e o surfista desenhado para aquelas condições, que era o eleito pela imprensa para vencer o evento antes de a sirene tocar, Jordy Smith. O desejo da nuvem de formadores esbarrou num julgamento irrepreensível.
Adriano gesticulou, rezou em cima da prancha. Como fazem os brasileiros em todos os cantos. Na final, suas preces foram atendidas: só ele pode ter pedido, a um minuto do fim, aquela inesperada e devastadora série de uns 5 metros sólidos.
A massa d’água varreu os dois competidores para fora do line-up e acabou com as chances de vitória do novato Nat Young.
O desfecho de uma história tão fantástica e brasileira: logo depois da vitória, Adriano, ainda dentro d’água, levantou o bico de sua prancha e bateu nele com vontade, para que o mundo visse e reverenciasse a marca estampada no bico.
Era a Pena, uma empresa brasileira, que salvou um conterrâneo que vive entre os cinco melhores do mundo, mas vinha sendo ignorado pelo mercado.
Era a Pena, uma empresa brasileira, que salvou um conterrâneo que vive entre os cinco melhores do mundo, mas vinha sendo ignorado pelo mercado.
Não sou capaz de arriscar um palpite para o resto da temporada. Mas aposto que Adriano vai continuar atrás de notas como um faminto busca um prato de comida. E vai seguir lutando para o mundo engolir suas conquistas. Se não engolir, ele enfia goela abaixo.
Adriano é o surfista brasileiro.
Tulio Brandão...Waves
SWELL NEWS INFORMAÇÕES DE SURF.
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